Será Michael Moore a salvação do mainstream?
Começou com um ex-colega. Nos encontramos no centro e lhe convidei para irmos tomar uma cerveja para que eu fizesse algumas perguntas. O fato é que, a pedidos da professora de Teoria da Comunicação, deveria fazer duas entrevistas que sustentassem pontos de vista similares ou não quanto a beneficidade da televisão. Resolvi fazer três pequenas séries de perguntas, para responder para mim mesmo a pergunta que não queria calar: Será que esta beneficidade existe, afinal de contas?
Leonardo é um rapaz de classe média, cresceu vendo "Chaves" no SBT e "Friends" na NET. Perguntei qual ele achava que era o papel social cumprido pela televisão. "A informação é o principal. Mesmo com Internet e tudo o mais, a comodidade de sentar no sofá da tua sala e assistir o jornal sem mexer um dedo é o que ainda atrai. Depois disso vem o entretenimento, os seriados, filmes, etc.".
Já Gustavo, meu segundo entrevistado, estudante de Jornalismo pela PUC/RS, mostrou que embora estude num mundinho das maravilhas, vê um pouco além: "A tv cumpre todo um papel de informar e entreter, embora seu conteúdo nem sempre seja o mais verdadeiro. A informação nem sempre é precisa, sei disso por que trabalho com rádio, e todos os dias tem algum errinho, muitas vezes culpa da fonte, outras culpa nossa mesmo".
Gustavo tocou num ponto importante: A partir do momento que dependemos da tv para nos informar, somos escravos das suas palavras, só sabemos o que ela quer nos dizer, só compramos o que ela exibe em suas tele-vitrines. Um exemplo clássico: Recentemente, em um documentário sobre o 11 de setembro no canal GNT, americanos, quando entrevistados sobre a tragédia, diziam frases como "O nosso país nunca fez mal pra ninguém, estes outros países estão é com inveja por que nós somos bons e eles são podres". Chocante é ter que ouvir uma atroscidade destas morando em um país tão longe da perfeição como o Brasil.
Agora entendemos por que nos EUA é tão importante comer "Junk food" enquanto se é narcotizado e, diga-se de passagem, mal informado na frente da tv. Grande parte dos americanos tem uma visão tão errada da história contemporânea, que não saberiam responder uma questão sequer da prova um tanto anti-EUA (ou devemos dizer apenas "realista") de História ou Geografia do vestibular da UFRGS.
Ok, sabemos que a tv tem esta capacidade de gerar mal-informação, mas e aquele papo à-la-Frankfurt de que a tv manipula as pessoas, vocês acreditam nisso? Ricardo, meu terceiro entrevistado, disse o seguinte:
“Acredito q ela manipula o povo, pois grande parte da população não tem discernimento para distinguir o que é certo e o que é errado, sendo assim facilmente manipuladas por veículos de comunicação em massa, como a televisão.”
"Eu acredito apenas quando pensamos em pessoas ignorantes, que não foram providas com a educação necessária e por isso são obrigadas a acreditar na única fonte de informação que conseguem entender, e por isso, têm a tv como um dos pilares da sua intelectualidade."- disse Leonardo. Não são só pessoas de classe baixa, mas também meninos mimados que não têm janela por segurança, mas têm uma televisão gigante, para caso venha a vontade de ver o mundo. É o mundo IRREAL sem sair de casa, é a enganação midiática.
Aí entra também, uma frase muito importante que a professora Malu Cardinale falou em uma de suas aulas: "O problema é o que o povo tem quando não está na frente da tv." Suponhamos a cultura como um tripé sustentado por mídia-educação-família, uma criança, por mais vontade de aprender que tivesse, não conseguiria fugir da tv com um pai bêbado, uma mãe ausente e uma escola aonde se cheira cola dentro da sala de aula. A tv não pode se o único embasamento válido na vida de uma pessoa.
É uma pena que produções incríveis como as do diretor americano Michael Moore passem logo no cinema ou para a forma de livros: no primeiro, dificilmente será a escolha dos menos cultos, e quanto à literatura, uma pergunta já esclarece o interesse ou não por parte das classes populares pelas tão verdadeiras publicações do diretor: É de fofoca? É realmente uma pena, que não só os brasileiros, mas muitos americanos, europeus, indianos, ciclanos e fulanos não cheguem a descobrir que nem tudo que nos contam na tv é verdade.